Aprendendo a aprender
Eu sei ler e entender inglês, mas não consigo falar...
Com boa frequência escuto dizerem que aprender inglês - ou qualquer outro idioma - é muito difícil. Que a pessoa sabe um pouco disso e daquilo, mas que não consegue falar. Também é frequente me perguntarem o que devem fazer para aprender inglês, e eu sempre procuro responder da forma mais sincera possível: não tem mágica, tampouco fórmula pronta. Dito isto, passo algumas dicas, materiais e métodos que a pessoa pode usar para facilitar seu caminho no aprendizado. Mas, dado o pouco tempo dessas interações, não consigo passar tudo o que gostaria para ajudar essa pessoa, e esse desejo é um dos motivos que me levaram a começar um blog. Além das outras coisas que vou escrever por aqui, também deixarei separado materiais, dicas e um compilado de coisas mais que acredito serem úteis no aprendizado. No entanto, não será esse o caso hoje. Hoje, escrevo para chamar a atenção a algo que acredito ser um erro e um impedimento: a descrença na própria capacidade de aprender que as pessoas têm em si.
foto: https://unsplash.com/@craftedbygc
Aprender qualquer idioma do zero com certeza é um desafio, demanda tempo, esforço, dedicação, geralmente também irá demandar dinheiro e tutoria. E o grande alvo, a fluência, demora a vir, o que leva a frustração. O que leva a menos tempo praticando. O que dificulta a dedicação e treino. O que gera mais dificuldades no aprendizado.. vocês vêm aonde quero chegar. Essa frustração por um objetivo ideal que é tão difícil de alcançar é um empecilho real que muitos alunos passam - não somente no aprendizado de idiomas. É extremamente importante entender o que são expectativas realistas - dado o tempo de estudo - e o que são exceções de gênios dos estudos ou jargões marqueteiros, como os famosos "aprenda inglês em 3 meses".
Primeiro, quero deixar claro que o mais importante é a comunicação. Se o orador consegue atingir a comunicação e interagir com as pessoas ao seu redor, seu objetivo foi conquistado. Nada mais importa, ou o impede, de exercer a fala a partir desse momento. Erros de pronúncia? Ortografia imperfeita? Confundir a conjugação de um verbo no passado? Podem causar leves estranhamentos na fala, mas não a impedem. Parece algo óbvio, mas quando estamos tentando aprender uma nova língua buscamos pela perfeição escutada nos áudios dos livros, nas falas de quem nos ensina, e nada disso é necessário. Se há comunicação, há valor conquistado. Para determinar melhor se conseguimos essa comunicação vale olhar para nossos próprios objetivos e ver em quais situações precisamos mais dessa comunicação ativa ou não. Por exemplo, uma pessoa aprendendo inglês para viajar nas férias tem alvos linguísticos diferentes de alguém estudando inglês para negócios. Logo, o foco dessas pessoas será diferente, e ainda que a fluência seja contada como um domínio mais complexo da língua, se cada uma dessas pessoas poderem se comunicar nas situações que precisam, ótimo. Conheci muitos alunos e alunas que podiam se comunicar com sua segunda língua, mas continuavam a dizer que só falavam uma.
Não é necessário perfeição, ou domínio completo para se falar. É apenas necessário, falar. Ser entendido e entender.
E como podemos saber se estamos progredindo? Uma boa forma de fazer isso é sempre praticando. Separe um momento para praticar e testar cada uma das áreas da comunicação, primeiro, a leitura e a audição, depois, a escrita e a fala. Há um motivo importante nessa separação e você pode pesquisar rapidamente sobre, basta dar um google nas “quatro habilidades para a comunicação”. Mas, aqui vou focar no porque a maioria dos estudantes acham mais fácil atividades de leitura e áudios do que fazer redações ou conversação em outro idioma. O processo de aprendizado mais completo leva em consideração a prática de todas as habilidades desde o início do estudo, desde o “olá, tudo bem?”, mas isso não significa que a prática em cada uma delas acontecerá uniformemente. Com o tempo o aluno passa a se sentir apto para ouvir e ler confortavelmente, e ao perceber dificuldade para falar, geralmente se frustra e isso leva a uma queda no seu rendimento. Por isso é tão importante termos expectativas realistas, assim como uma breve compreensão do processo de aprendizado. É natural que seja mais fácil ler e ouvir, nesses momentos somos receptores de informação, somos agentes passivos nesse ponto da interação. É ao escrever e falar que precisamos produzir, não só compreender o que nos foi dito, mas também responder, formular um pensamento nesse idioma e expressá-lo. Se você consegue ler e ouvir em inglês e tem dificuldade para falar, basta treinar. Continue praticando, procure pessoas para conversar, se arrisque nos mais variados assuntos. Aos poucos, a prática e segurança vêm, e sua comunicação será muito mais efetiva e prazerosa. É um processo longo, mas que não precisa ser frustrante, basta termos expectativas bem mensuradas, um caminho a ser trilhado e paciência nele.
Pratiquem, estudem e pratiquem um pouco mais. Falem e falem muito mesmo!
Leandro Fogaça Ruiz.
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