Começos - o Eu e o Outro
Começos - o Eu e o Outro
Este é um texto - fragmento - antigo. Era sobre o começo de uma história e sobre como nossas percepções são ofuscadas pelo nosso próprio reflexo. Não é uma grande resposta, um ensinamento incrível, nem uma lição de moral. Não, nada disso. É mais um lembrete pessoal sobre uma dificuldade minha e um problema social - logo, meu também. Fico feliz por hoje julgar muito menos as pessoas ao meu redor, mas ainda teimo muito em me julgar e flagelar, então deixo aqui guardado esse texto sobre começos para mim, iniciando um blog que não sei bem o que será de todo.
Sempre que preciso iniciar uma redação, texto ou história minha maior dificuldade apresenta-se já no início: como começar? E, a resposta que desponta em minha mente é por consequência tão simples quanto o é a pergunta: comece do começo.
Obviamente,
parece tolice começar uma história, ou neste caso, a apresentação da base do
que pode um dia vir a ser algo mais que sonhos, pelas fraquezas e dificuldades
do autor, mas acredito que o pecado maior é não ter-se sinceridade, é fugir e não
permitir o embate a aquilo que se caracteriza como o problema. Além disto, e
também por isto, vejo como fundamento dos maiores problemas da sociedade a
percepção do Eu, não deste isolado, mas sim de sua projeção no Outro. Pensamos
o Outro a partir do conceito do Eu, sem notarmos que tal Outro não parte, e
geralmente, em momento nenhum se encontra posicionado nos conceitos
pertencentes de nossas concepções, sejam estas quais forem, e a partir disto o
avaliamos, medimos e, por fim, o repreendemos, por não ser este nossa imagem
tal qual o queremos.
Esta
atrocidade, presente como constante em toda a história da humanidade, demonstra
o quão pouco o Eu é pensado como Outro, o quão insignificante, ou incorreto,
seria pensar-se que o Eu é também o Outro, que as qualidades as quais buscamos
podem ser falhas para alguém ao nosso lado. De toda forma, depois de tanto
divagar e, provavelmente, perder a preciosa atenção de todos, onde quero
chegar? Considero de suma importância a expansão e melhoria dos nossos
conceitos próprios do Eu, não como um fim em sim mesmo, mas como compreensão e
aceitação do Outro, como a imagem que queremos ver refletida.
Por
tal motivo, começo meu texto da forma mais franca possível: não sei fazer começos.
É para mim uma tortura sem igual, de dificuldade imensurável! Já tentei os mais
variados métodos, segui as mais curiosas dicas e sempre me encontrei encarando
um papel em branco, sem conteúdo que expressasse o mínimo sobre meu texto, ou
sobre mim. E, foi assim que decidi pelo pior caminho de todos: a franqueza
pura, pois apenas através desta, e da autorreflexão, creio ser possível
corrigir nossos defeitos e reparar nossas falhas.
Sem
um início,
apenas com uma provocação: quem é o seu Eu?
por Leandro Ruiz.

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